segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

circulos

Continuo a fazer circulos,
sinto-me numa experiência,
sou o tal hamster que anda às voltas e vai fazendo sempre o mesmo caminho,
no entanto, no meu caso existe a consciência
mas a incapacidade de mudar o percurso,
parece um chip que provoca o piloto automático,
não há forma de o contrariar
assumo de alguma forma doentia que isso me traz conforto,
é ali neste caminho que me sinto em casa,
mas ainda que queira,
não consigo fazer outro caminho,
não consigo contrariar,
porque não sei como fazer,
sinto que preciso de instruções claras,
não são aquelas frases filosóficas, vagas que me orientam
sou básica,
preciso de "faz assim",
idealmente um milagre,
mas como sei que não existe,
sinto que ando aqui a patinar,
a cair,
a tentar encontrar um sinal,
um sentido qualquer de vida,
com que me identifique, que faça sentido,
para me libertar do padrão
para sair da experiência animalesca em que caí...


sábado, 14 de outubro de 2017

há piores...

E quando pensas que não pode piorar....eis que afinal o cenário piora....
desesperar??
não é o caminho...
qual o caminho?
Talvez aprender! Talvez parar para pensar!
chegados tantos anos, chegado tanto sofrimento, chegado tantos erros...teimo em não aprender...
vivi a sentir demasiado,
depois tentei não sentir,
não consegui, estava demasiado habituada a sentir,
fingia bem não sentir,
mas a alma corroída dava de si,
andei nas ruas da amargura,
a fugir do sentimento,
a fugir de mim,
a tropeçar no desconhecido,
a contornar caminhos seguros,
alinhando no desconhecido,
no escuro e nos becos pouco recomendáveis,
desvairada e sem medo, afunilava pelo caminho mais dificil,
e quando parecia, no fundo ter medo, pensava o que mais pode acontecer?
já vi o pior, já tenho entranhado o sofrimento, nada me fará mossa...
mas a verdade, é que ainda podemos cavar mais a nossa fossa,
pensamos que a tempestade foi horrível,
mas ainda existem os furações, os tsunamis, e sabe-se lá que mais nos pode fazer mal...muito mal!

que tal não fazer nada?
porque tenho sempre que fazer alguma coisa?
porque a inércia me custa tanto?
parar, respirar e não fazer nada por vezes é a resposta certa.
sempre ouvi dizer que toda a nossa ação tem consequência,
toda eu sou ação,
nem sempre vejo a consequência no imediato,
mas a verdade é que ela acontece, mais cedo ou mais tarde!
quando acontece tem tanto de feroz,
como de veloz...


quinta-feira, 14 de setembro de 2017

ramo novo...ramo velho

A vida é como uma árvore.
tem ramos, muitos ramos
tem um tronco, a coluna vertebral da vida
tem folhas,
tem flores ou até fruto.
Umas grandes, outras pequenas,
uma árvore ocupa espaço, pouco ou muito, mas ocupa...
impõe a sua presença mais ou menos, conforme a sua forma,
algumas persistem nas intempéries do tempo,
outras ficam pequenas sombras frágeis,
algumas vigoram nas calamidades,
outras morrem!
as árvores têm raízes
vão para além do seu aspecto,
são profundas ou superficiais,
existem árvores com seiva,
nos seus membros,
nas suas entranhas,
existem algumas que são secas,
algumas cuja carapaça é dura.
Algumas bem bonitas,
outras feias,
Há árvores sem cor, camaleões na natureza das árvores
há árvores coloridas que aparentam ser flores gigantes,
algumas não sabemos se se trata de uma ou várias árvores,
outras surgem impertigadas, ao longe as vemos brotar,
Todas as árvores, crescem.
Quase todas as árvores têm companhia...

ramo novo...ramo velho
um ramo novo transforma-se num ramo velho,
um ramo velho cai!
um ramo novo cresce com vigor!

Sempre desenhei árvores,
Sempre que pego num lápis,
nasce uma árvore,
começo com rabiscos,
a pouco e pouco começam a surgir ramos e contornos de árvore,
tudo escuro,
tudo num emaranhado de riscos sem jeito,
a pouco e pouco vão sendo ligados,
vão tomando forma,
vão encontrando a sua forma,
a sua vida!
uma nova vida faz-nos sempre sorrir!


sexta-feira, 11 de agosto de 2017

dizem que...

dizem que sem amor não se vive,
dizem que nunca ninguém morreu de amor,
dizem que o amor é uma chama que arde sem se ver,
dizem que o amor é cego,
dizem que o amor move mundos,

dizem que quem ama é mais rico
dizem que o amor faz sofrer,

dizem...dizem...acredito no que dizem todos,
parece que já viveram e sofreram de amor,
devem saber...
não sei o que é o amor,
mas sei o que é não ser amado
sei o que é sentir falta de amor
sei o que é não sentir amor,
sei também o que é desejar sentir amor por alguém.

mas amar...
essa palavra GRANDE
que devemos respeitar e admirar por ser tão importante
que nos impulsiona a ultrapassar as nossas limitações
que nos faz querer mudar
que nos faz mesmo mudar
que nos permite olhar para nós com outros olhos,
que nos faz ser mais empáticos,
que nos faz abandonar orgulhos, teimosias
tudo o resto se torna pequenino,

mas amar...
não sei quem estará à altura de ser amado
amar, todos podemos amar
ficamos mais ricos por certo,
ter em nossa posse tamanho sentimento só nosso,
encontrar alguém que nos desperte a capacidade de amar é único,
só esse encontro é maravilhoso
existir retribuição nesse sentimento pode ser um feliz acaso, mas uma raridade
mas só por si, sentirmos amor já deve ser tão belo...

mas amar...
sem ser amado é cruel,
mas é o sofrimento que ainda lhe atribui maior beleza,
mas esse sentimento único que se apodera de nós
é algo que deve ser acarinhado,
devemos tratar-nos bem nesse amor,
esse amor é mais nosso que de outros,
e devemos amar esse amor

mas amar...
sem amor,
se decidimos amar, amamos
amamos o amor que foi desejado!



sexta-feira, 21 de julho de 2017

sai de mim...

sai de mim p.f
larga-me...
deixa-me...
deixa-me ser feliz,
deixa-me respirar,
deixa-me namorar,
deixa-me apaixonar,
deixa-me voar....
não sei quando é o tempo certo,
não sei quando vou estar livre totalmente,
não sei quando não vais estar ainda na minha pele,
na minha mente, na minha memória,
não consigo explicar,
não consigo entender,
não consigo ultrapassar,
já não preciso de ti,
não quero voltar,
não quero sequer pensar,
mas não consigo evitar,
não consigo evitar lembrar,
não consigo evitar alguns momentos,
não é saudades,
não é angústia...
é tristeza apenas...
Tenho direito a estar triste, não?
finalmente posso estar triste...
porque quando era tua, não podia estar triste,
não podia sentir diferente,
só podia estar como tu achavas que devia estar,
não podia brilhar demais,
não podia rir demais,
não podia beber demais,
não podia falar demais,
não podia nada demais,
nem de menos,
porque não podia fazer pouco,
não podia sentir pouco,
não podia ter pouco,
não podia ser pouco,
não podia ganhar pouco,
não podia chorar pouco nem muito,
mas nas palavras eu era tudo,
tudo,
eu era o mundo,
e eu era o ar,
eu era a vida com sentido,
a alegria,
a motivação,
a vontade de ser melhor,
era o orgulho,
era a beleza,
era a diversão,
era o prazer,
tudo...
tudo e nada por momentos,
agora, logo, depois de amanhã,
e só ansiava pelos momentos do tudo,
ficava saciada de intensidade,
compensava quase tudo,
viciada em momentos de completude,
em momentos em que o mundo apagava,
em momentos em que o mundo era eu
em momentos em que o mundo era só nosso...
nada mais importava
nada mais existia
nada mais fazia sentido,
e por tudo isto, eu sentia que tudo era possível,
que tudo deveria ser enfrentado,
desloquei-me do mundo real...
vivi num mundo paralelo que era louco, numa fantasia do país da Alice,
para mim era tanto de louco como de real,
mas resolvi camuflar a loucura no meu ser,
resolvi envolvê-la de momentos reais,
para que a realidade ficasse melhor...
ou para que a loucura vestisse melhor...
.....
tanta dúvida a pairar,
tanta mudança a acontecer,
tanta bagagem a carregar.
Quero esquecer,
quero viver,
quero aproveitar cada momento
o ontem já não existe...
Aquilo que senti, foi real?
Foi sentir verdadeiramente?
Vivi um sonho?
pesadelo?
a minha mente pregou-me partidas?
ainda hoje sinto a tua falta, não no todo, apenas no sentir-te
aquilo que me fez ficar ali contra tudo e todos,
aquela sensação de pertença sem igual,
aquela sensação de fazeres parte de mim,
de ficares em mim, como o meu próprio cheiro,
como uma parte de mim que não conseguia arrancar,
existem tantas partes de nós que removemos,
que absorvemos,
que expelimos,
porque não consigo expelir-te?
porque não sou capaz de abdicar do que senti no passado,
porque continuo a comparar?
porque não consigo valorizar mais o que tenho?
hoje consegui atingir o sonho, tenho tudo o que sonhei...
amor, dedicação, partilha, ajuda, apoio...
tudo o que pensei jamais encontrar,
tudo o que abandonei de sonhar,
consegui!
só falta sentir na plenitude!
já consegui vislumbrar tanto,
e falta-me apenas um "nada" de tanto,
e quero tanto...


segunda-feira, 19 de junho de 2017

cola de cuspo...

na tua pose forte és fraco
somos todos assim os que aparentam uma força maior
por saberem as suas fraquezas mostram as suas forças

quem não é fraco não precisa de mostrar força
quem é rico não precisa de mostrar a sua riqueza
quem é pobre disfarça a sua pobreza

parece tudo ao contrário, parece que todos lutamos para nos contrariarmos
para nos mostrarmos diferentes do que somos
para não revelarmos como somos verdadeiramente

porque receamos que nos vejam fracos?
porque ser fraco é mau?
se a fraqueza é parte da humanidade que nos caracteriza porque a rejeitamos?

a fraqueza faz-nos falíveis
ninguém gosta de fracos
os fracos caem nas falácias,
nas opressões, nas tentações, nas manipulações
toda a gente gosta de força, vitalidade, convicções
de ideias consistentes
de confiança e atitude persistente
...
mas o que muitos desconhecem
é que somos um todo completo
com fraquezas e forças
e é nessa gestão, é nessa luta que recai toda a nossa humanidade
toda a estabilidade que procuramos
oscila nesses meandros de instabilidade
todas estas contrariedades que nos faz questionar
que nos faz reflectir
que nos faz parar
permite-nos ser humanos
permite-nos perdoar as fraquezas dos outros
permite-nos tolerar mais
permite-nos controlar a impuslvidade
permite-nos estar mais atentos

sexta-feira, 16 de junho de 2017

a distância aumenta...

Não esqueci....
Não adormeci....
Não morri...

mas a verdade hoje é tão diferente da verdade de há um ano atrás...
como é possível o tempo fazer milagres destes.
o tempo que odiei que se arrastava odiosamente devagar, que pecava por tamanha inércia, que assassinava qualquer esperança, que ignorava pedidos de ajuda, que era totalmente insensível
às lágrimas...
e o tempo que odiei tanto no passado, amo no presente, agora proporciona-me o afastamento que preciso para reflectir, proporciona-me o distanciamento para sentir e faz-me ver através de um olhar mais consciente.
por vezes oscilo entre o desejo de sentir e o sentir efectivamente, depois de tanto tempo a viver a sentir algo doentio, facilmente me confundo e não sei bem se estou a sentir verdadeiramente ou a desejar sentir verdadeiramente...


terça-feira, 2 de maio de 2017

Ainda te procuro...

A tentação mora ao lado...
Tantos ditados, tantas frases que ouvimos que parecem encaixar em cada momento da nossa vida. Parece que nos são dirigidos especialmente, que quem escreveu deveria sentir exactamente o mesmo, viver exactamente o mesmo...é nesta altura que reflicto e penso, de facto somos tão iguais, porque teimamos em contrariar tamanha evidência.

dentro da anestesia que ainda me corre nas veias, tenho vindo a desprezar tanta evidência, a lutar contra a verdade, a lutar contra sentir, a lutar contra tudo o que me faça recordar e por mais que tente, por mais que contrarie, ainda me vejo a procurar ... na rua o semblante, o carro, a mota, a vida que me devastou por dentro e por fora. Se me perguntarem porquê?, não sei, vou por exclusão de partes, não é paixão, muito menos amor, não é ódio, já nem raiva é...pena? indiferença não é certamente, pois nesse caso nem pensaria sobre isso, nem escreveria sobre isso. Curiosidade? talvez? Talvez o querer sentir a adrenalina de ver como me vou sentir, sentir que não sinto nada? Tenho vontade de saber como me vou sentir, mas penso sempre, é cedo demais, é perigoso ainda, pode destabilizar-me ainda, pode significar emoções fortes que ainda não estou preparada para sentir...
Confio no universo ou no que seja que me tem poupado desse encontro, que sei que irá ocorrer um dia, e quando acontecer acredito que estarei preparada, que será tão banal que devo até ficar constrangida com o facto.

o olhar pára-me muitas vezes, ainda olho para as torres onde vivia, a tentar encontrar alguma emoção, nada, apenas a tentação de olhar de validar...
hoje passei ao lado, e não consegui evitar olhar, mas a verdade até dói não senti emoção, senti dor, porque fui ali tão infeliz, tão infeliz que já nem sabia que era infeliz, o estagio da doença era tão avançado que já não me regia por qualquer normalidade, já vivia uma realidade paralela com padrões totalmente anormais que considerava qualquer afecto minimo um nível tão elevado de felicidade que até me faz dó agora.

mas a verdade é que ainda olho, a verdade é que ainda procuro nos sítios do costume a face, o gesto, o olhar perdido no meio de outros estranhos, de alguém que foi o meu mundo tanto tempo...

se continuasse anestesiada como tentei durante algum tempo, parecia tudo indolor, parecia tudo bastante longe, mas a realidade continuava aqui à minha espera, e a anestesia não dura para sempre.
é duro sentir em todos os poros, a tortura das memórias que não se desvanecem, que surgem do nada, em qualquer momento, ocasião, sem pedir licença, sem se apresentarem, sem se preocuparem se magoam ou não, por vezes surgem também os pesadelos em formato ainda pior, arrancam-me da cama e entorpecem-me os sentidos, levam-me muitas vezes a sentir o pavor de voltar ao que era e não conseguir ter capacidade de reação, aquela sensação de incapacidade de movimento, damos ordens às pernas, braços, por favor, e nada obedece, desistiram de fazer movimentos e mantém-se inactivos todos os membros, e preparam-se novamente para o embate, mais do mesmo, mas até já faz parte nada de novo....e cá se fica... 
felizmente nos dias de hoje, ACORDO e vejo que foi apenas um pesadelo, mas foi de terror porque me senti totalmente incapaz, sem reação, sem capacidade...

Reviver faz-me pensar que ainda é mais doloroso, porque não posso mudar nada e vejo as cenas mil vezes e a cada dia as cenas ainda me parecem mais macabras, mais ridiculas, mais absurdas e principalmente mais terríveis.

estou no caminho certo, mas é um caminho tortuoso, é um caminho que tenho que fazer para chegar ao fim, tentei atalhar, tentei voar, tentei dar mil voltas, mas o caminho certo tem que ser feito, tem que ser caminhado...não há como fugir.
tem dias que me farto, parece um caminho sem fim, detesto sofrer, detesto sentir, detesto pensar sempre no mesmo, detesto falar sempre do mesmo, detesto passar por isto, mas não posso fazer mais nada...tudo o que havia para fazer de alternativa já fiz e não resultou.

quem eu procuro não existe, está apenas na minha cabeça e por isso ainda é um fantasma...descontruir tudo isso faz parte desta estrada que parece feita de lava incandescente que ainda borbulha e queima, alguma cinza a fumegar a enganar as chamas que ainda esconde...por vezes fecho os olhos e caminho e sem medo sigo em frente e acredito que sou mais forte do que a dor...
penso também que hoje em dia de olhos fechados estou menos cega do que antes, e que a minha visão me engana tanto, que neste caminho o percurso deve ser feito de olhos fechados para deixar os outros sentidos mais atentos...


sábado, 22 de abril de 2017

Ontem...

Ontem...
Hoje...
Amanhã...
 
Como tudo pode mudar apenas com estas 3 palavras.
Parece-nos tão banal falar de ontem, falar de hoje e amanhã, e falamos como algo tão sequencial, tão natural que não imaginamos o quão brutal é a diferença.
Ontem fomos alguém.
Hoje somos alguém.
Amanhã seremos alguém.
O tempo muda tudo...
O tempo verbal remete-nos para o tempo em que vivemos.
Viver essa dádiva que temos de todos os dias experienciar coisas, novas ou não, aprender, refletir, é um encontro diário connosco.
Esse encontro connosco pode ser bom, mau, entediante, avassalador, vibrante, depende de como queremos estar, de como queremos cuidar de nós, de como queremos conversar connosco, se nos queremos "sovar", ou se queremos tratar-nos com carinho, com dedicação, mimo e alegria.
Normalmente, para nós deixamos o escárnio, os maus tratos, a critica...
Deveríamos conseguir cingir-nos à verdade, os factos devem ser privilegiados, deve existir a ponderação sobre os nossos atos, devem fazer parte do nosso juízo. Ainda que seja verdade que erramos... mas e o resto? Onde estão os elogios, onde estão as coisas boas que fazemos? 

Ontem fui uma pessoa horrível, ontem fui fraca, ontem errei, ontem fui uma pessoa que odeio. Desprezo quem fui ontem. Não quero conviver com essa pessoa.
Hoje sou uma pessoa inquieta, angustiada, e a processar tanta informação, num processo de autoconhecimento e crescimento enorme. Mas já não sou a pessoa de ontem. Já não convivo com a pessoa de ontem.
Amanhã ainda não me conheço...posso vir a ser tudo o que quiser.
O ontem deixou marcas...o hoje sara feridas e amanhã não sei...
Só sei que o tempo permite que nos reconstruamos, que não fiquemos presos no que fomos e tentemos construir o hoje e amanhã de acordo com o que queremos ser.

sábado, 4 de março de 2017

Pessoas

Pessoas da minha vida...
Algumas recentes mas que já estão tatuadas em mim, há pessoas assim que nos marcam desde o primeiro minuto... talvez seja eu permeável à grande intensidade com que vivo.

Pessoas da minha vida...
Gosto de vocês, fazem parte do meu ar.
A vossa presença é constante mesmo quando passo dias e dias sem vos ver e sem vos ouvir.
Mas estão cá, é de vocês que falo com orgulho às outras pessoas da minha vida.
São a minha referência, a minha bússola, e são o pulsar do meu coração.

Pessoas da minha vida...
Família que me corre nas veias e não só...
Não se explica mas vive em nós esta ligação que nos une na dor e no amor.

Pessoas da minha vida..
Sou eu aqui, que falo pelos cotovelos que vibro pelos bons momentos, que me divirto com as coisas mais parvas, que me revolto com as injustiças, que defendo as minhas crenças com as armas e muralhas que conseguir, mas que choro com as emoções com as tristezas e sofrimento alheio...
Que ajudo por impulso, que não consigo ficar indiferente a quem sofre.

Pessoas da minha vida...
Parecemos fortes e capazes de tudo na vida, e em muitos dias somos imbatíveis, temos poder, força, confiança para ir mais além, mas outros dias sentimos que somos um fiasco que somos totalmente inúteis e que não valemos nada. No final do dia só queremos que termine e venha outra rodada para ver se no dia seguinte na roleta dos dias nos calha algo mais animado.
Mas em todos estes dias eu quero partilhar convosco, as alegrias das minhas conquistas, que tenham orgulho de mim, que sintam a alegria que eu sinto, e nos outros dias que me animem e me digam que sou capaz, que acreditam em mim, que me ajudem, que me digam me mostrem a minha força que eu não estou a ver naquele momento.
O que coincide são vocês pessoas da minha vida que me cativaram, e o que são, pensam, vivem e sentem é importante para mim.

Pessoas da minha vida para que saibam, porque muitas vezes não o digo tanto como o sinto.
Adoro-vos!
Já pensei que precisava muito de pessoas.
Mas precisamos apenas de nós para sermos as pessoas da vida de alguém.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Um dia...

Um dia...gostava de te dizer tudo o que não terei oportunidade de dizer...
Gostava de te dizer que deves sentir mais a minha falta do que eu sinto a tua...
...gostava de te dizer que a energia que me retiraste está a voltar,
que a vida que destruíste está a construir novamente...
que as palavras cruéis com que me brindaste já se desvaneceram,
que os ataques violentos a que me submeteste jamais me venceram,
que os jantares e tudo o que me ofereceste para pagar o que achavas que me mantinha não me mantinham,
que o dinheiro que tinhas e as coisas que adulavas, eram "teres" quando sempre me preocupei com "seres"...
que o passado em que vivias e admiravas, era passado e o presente nunca o viveste,
que o egoísmo e as vinganças que te dominavam nunca me dominaram,
que o amor que senti foi puro e genuíno e que não o mereceste, fui melhor que tu!
que a manipulação com que me usaste e que jogaste não foi suficiente para me ofuscar,
que a tua tentativa de me convencer que eu era uma "merda" não resultou,
que a ajuda que me pedias sempre de forma simulada em desespero, estou a dá-la a quem precisa mesmo,
que a atenção que me acusavas de pedir em demasia, como psicologia invertida para a obteres para ti, tenho-a totalmente dedicada a mim,
que o sorriso que adoravas e que eliminaste do meu rosto tanto tempo voltou,
que o peso dos teus problemas já não o sinto,
que as pequenas contrariedades na tua vida que se transformavam em grandes dramas na nossa vida transformaram-se num alivio tremendo na minha vida.
que o meu frigorífico e dispensa continua a oscilar de 15 em 15 dias com o melhor dos dois mundos, entre vazio e cheio com a minha gestão maravilhosa,
que curiosamente continuo a jantar fora talvez até com mais frequência do que antes em que consideravas que tinha uma vida de luxo,
que quando aceitei as tuas faltas de respeito não estava bem comigo mas agora estou,
que nunca tive a tua ajuda porque nunca precisei dela,

que vivia sozinha contigo, porque nada mudou à excepção de ter mais tempo livre e muito menos problemas,
que aprendi que viver sozinha é algo muito agradável,
que apesar da tua loucura me ter consumido, ludibriado, hipnotizado estou muito lúcida mas ainda assim apreciava fazer terapia para evoluir mais,
que apesar das marcas e cicatrizes que me deixaste continuo genuína e a gostar de pessoas,
que finalmente gosto mais de mim do que tu alguma vez gostaste...
que quem ama cuida,

que sei finalmente que o que sentiste por mim não foi amor, foi posse, foi desejo, foi conquista, foi arrogância, foi desafio, foi essencialmente quereres-me como uma coisa, conquistado por ti, e mostrar ao mundo que eras uma pessoa normal...mas não és, eu sei e tu sabes, provavelmente mais ninguém saberá...

que a tua representação merecia um óscar de cinema, mas eu vivo a realidade e os filmes na minha vida só no cinema ou enroscada na minha mantinha tranquila.

que já não tenho ódio, como diria a Florbela Espanca no meu poema preferido, "Ódio seria em mim saudade infinda, Mágoa de o ter perdido, amor ainda! Ódio por Ele? Não... não vale a pena..."


...e depois da tempestade que por milagre sobrevivi, aprendi coisas tão importantes como deixar fluir e acreditar que o universo tem coisas magnificas que faz acontecer quando é o momento certo!

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Ainda não estou preparada para ti...

Ainda não estou preparada para ti...
Tu que me aguardas ansiosamente, que pensas em mim e ainda não me conheces ou talvez conheças e ainda não saibas.
Estou aqui! Tenho procurado, tenho ansiado por te encontrar, tenho subido e descido escadas, muros, montanhas, sempre contigo no horizonte.
Tenho tentado inventar vidas paralelas para me confortar um pouco...
As outras vidas parecem todas melhores, com aquilo que procuro, mas a verdade é que não...são outras vidas apenas, diferentes, marcadas também por muitas escolhas, por muitas dores...
A minha vida dói-me mais porque é a minha, porque sou eu que tenho o papel principal, e por vezes preferia manter-me nos bastidores e a assistir apenas, talvez nos momentos de fraqueza e de cansaço. Mas na nossa vida os bastidores não existem, estamos sempre na ribalta, as luzes apontadas para nós, e isso está certo.
O que está errado é quando não vemos as nossas luzes e nos focamos na luminosidade alheia, e quando pensamos que a luz dos outros é melhor que a nossa, e que sempre que precisarem nós ajudamos a reparar os fusíveis necessários para que a luz dos outros nos encadeie para sempre, e julgamos assim que conseguimos ter também aquela luz para nós, mas essa luz não é nossa, nunca será, só a nossa luz é verdadeiramente nossa, e sem dúvida a melhor, mais vibrante.
Quando saímos do nosso palco, quando abandonamos a nossa luz, ela fica ténue, e deixa de se evidenciar como única que é. 
O sinal que não se extingue, que vive e que não nos abandona, é quando nos acorda e reflecte a clareza no pensamento que sentimos falta dela, da sua energia, da sua autenticidade. 

Vale a pena esperar por ti dizem-me alguns! Sei que ainda estás aí...ás vezes sinto-me pulsar ainda, outras vezes pareço uma morta-viva à espera da marcha fúnebre apenas..tem dias, mas tenho perfeita noção que sou eu própria a minha maior inimiga!
Sempre disse sobre quase tudo não vale a pena, como a minha avó dizia, "- não vale a pena fazer nada para eu comer, - mas gosta do quê? - não vale a pena, - não vale pena, - estou bem - estou bem", não é assim tão importante para mim. Sempre vivi a minimizar as minhas vontades, nada era assim tão importante para me importar! Não era fanática por nada, nada me impressionava assim tanto, nada me chocava muito ou nada, se os outros estiverem bem, eu estou bem. No fundo a minha satisfação advinha da satisfação dos outros. Parece redutor, e é!

Mas continuo sem estar preparada para ti! Não és tu, sou eu! Não é aquela frase típica de romper uma relação, é mesmo verdade, sou EU, finalmente sou eu que digo que Não, uma relação que ainda não começou mas que eu já matei antes de anunciar o seu nascimento! Estou assim, a luz está apagada e já errei tanto às escuras! Tiros no escuro são mesmo tiros no escuro. A sorte é um acaso que quase nunca acontece.

Continuo aqui...sem ti ainda, mas comigo! Pensei que tinha perdido tudo, mas não me perdi a mim!
Estou amolentada, estou massacrada, estou triste, estou acabada como digo muitas vezes, é um facto mas estou viva, é outro facto! Vivi um pesadelo do qual fui cúmplice, vivi porque quis em muitos momentos, alguns fui obrigada a ficar, fui forçada a ficar, fui enjaulada, foi-me retirado o direito de escolha, senti-me tão furiosa...mas tantos outros fiquei por livre espontânea vontade, escolhi o potencial pesadelo a ficar sem parte de mim...

Porque sei que estás aí, também tu a passar uma fase, a fazer um caminho, provavelmente ainda iludido ou a sentir que só podes ser louco por pensar, por suspeitar que eu existo, até confuso, sem saber que me procuras, talvez ainda a viver uma vida que não é a tua...talvez nunca nos encontremos mas sabemos que existimos, e é tão bom saber-te aí à espera...

E quando amamos alguém doente?

E quando amamos alguém doente?
Como fazemos? Submeter-nos? Reagimos como?
A doença não precisa de ser física. Mas dói. Não precisa ser temporária, pode ser para sempre!
Não sabemos a cura! Não sabemos até quando! Não sabemos a extensão que ocupa!
Só sabemos que ela existe, está lá. Acompanhamos, sofremos, definhamos em conjunto, mas um definhar diferente. Um definhar angustiante de quem tenta tudo para ajudar e não consegue. De quem se sujeita a tudo mas pouco muda. De quem se coloca em risco de vida porque acredita que o amor pode superar tudo, até uma doença com nome, mas que os leigos desconhecem como se evidencia, como interpretar muitos sinais, e que o doente consegue ocultar muitas vezes, e se reveste numa personagem que precisa criar para a sociedade não o tratar como doente ou … apenas diferente!
Como lidar com o amor e conciliar com a sua raiva, com as suas agressões de tantas as formas, a sua inquietude, angústias, pouca tolerância à frustração, todas as insanidades temporárias em que a transformação ocorre e que o nosso amor desaparece e surge outro individuo que desconhecemos, como tratar esse que é o mesmo mas que não amamos…?
Como ficar ao lado de quem amamos mas não confiamos na sua sanidade?
Como confiar em alguém cujas promessas são apenas palavras para manipular, acreditar e não perder o pequeno elo com a sociedade em que se tenta integrar.
Como perdoar depois? Como viver com as marcas, as memórias do mal que se aceitou, das imagens que se prendem como lapas a cada passo que damos, sabendo o quão foi real e não um pesadelo que nunca seria expectável com tamanho amor.
Como viver depois sem esse amor? Como olhar para todos e não sentir a dor por amar ainda e ter que abdicar porque faz mal? Porque amar quem nos faz mal e faz mesmo mal. Amar tanto torna-nos também doentes? Sou doente por amar alguém louco, insano?
Como fugir e encarar o futuro, livre mas presa à angústia da perda?

Fugi da morte certa, e encontrei uma morte dentro de mim…se posso ainda assim respirar, sim posso, a vida continua, respira-se todos os dias, sente-se o alívio de sentir ainda o ar, mas a angústia da incompletude, do membro que nos falta. Sim, vivemos sem um membro, ou vários membros, ou quase sem nada, aliás sobrevivemos no pior dos cenários … e foi isso que fiz de uma forma e que farei de outra, a diferença é que desta vez a probabilidade de continuar a respirar é possível!

Se penso que um dia destes esta história será apenas uma história triste, um capitulo triste da minha existência, uma aprendizagem, um caminho que tive que fazer? 
Acho que não, acho que nunca pensarei assim, penso que sempre verei isto como algo que lutei, que quis tanto, que fui até onde já não podia mais e que falhei, que fiz um caminho lamentável, que vivi o que não deveria sequer ter espreitado, que me consumi, desgastei porque não fui forte o suficiente, porque fiquei cega, porque fiquei burra, porque fiquei irracional, doente e porque essencialmente me desvalorizei, e desvalorizei a vida e me contentei com migalhas de pão duro e bolorento. Tornei-me sua, uma coisa que lhe pertencia, era dele como me dizia, como se tal fosse possível alguém possuir alguém, mas a verdade é que conseguiu que eu fosse totalmente dele, depois de abandonar amigos, de me isolar e de me dedicar exclusivamente à sua causa ficou muito pouco espaço para tudo o resto. 
Habituei-me a ter pouco, a não contar com ninguém, a procurar e a desenvencilhar-me de tudo, de achar que tudo é possível com esforço e dedicação, que nenhum desafio é impossível, existe sempre uma forma de tentar pelo menos ultrapassar, de passar mais um dia...
Qual a lição a tirar daqui, que é melhor não lutar demais? Que tudo o que nos exige mais do que devemos dar não devemos dar? Quando é que constatamos que estamos a dar mais do que podemos? Quando já demos? Quando já passamos a linha do razoável, quando já não é confortável. Como parar de dar? Como ver novamente por baixo da cegueira do novo mundo que criamos à margem do normal, com a nossa nova normalidade, o que é aceitável tem novos rumos, novas regras…e deixamos de saber o que é normal…
Vivi uma vida que não era minha, vivia tanto os seus problemas que os absorvi por osmose de partilha de vida, não deveria? Os problemas de quem gostamos não são nossos? 
Não, de facto não são, mas como pessoa que sou não conseguia ignorar, não conseguia ficar indiferente, não ajudar, não opinar, não sofrer. 
Porque ajudar quem não quer ser ajudado? Porque sofrer com um sofrimento que se quer manter, que não se sabe lidar, e que por convicção não se reconhece…?
Serei eu louca por tentar ser normal com alguém longe da normalidade? 
Vi um vídeo, há algum tempo atrás que me marcou, de um doente que cantava para o seu amor, amava-a loucamente, ela amava-o loucamente, e era mesmo isto loucamente, até que os dramas surgiram, as loucuras aumentaram, ela não era louca, e vivia ali a tentar adaptar-se na loucura, e não resistiu, tentou, tentou, não resistiu não se poderia anular para sempre em prol do outro, e ele chorou, chorou sentindo-se genuinamente triste e abandonado, o seu amor foi embora...
E é isto, fui embora também, ninguém consegue viver a loucura do outro quando se é sã.
Ficou o vazio de tanto sofrimento a que me habituara, de tanto tempo que lhe dedicava, de tanto esquecimento de mim mesma, agora a ansiedade consome-me por não saber o que fazer ao tempo...o que fazer a mim mesma, o que sinto? Como escapar de mim mesma... 
O tempo.. agarro-me a ele como uma bóia de salvação, meu pior inimigo e maior amigo. 
Parece que se arrasta lentamente como se tivesse prazer em me magoar, em me fazer sentir que dói, que não tenho para onde me virar, que tenho que me concentrar em mim, que eu existo, que preciso de me localizar e me encontrar novamente.

Normalmente para mim estava tudo bem, só tinha que me concentrar nos problemas dos outros, resolver, acompanhar, tratar, comigo não havia problema nenhum, estava tudo arrumadinho, estava tudo numa secção qualquer empoeirada porque era pouco interessante para remexer. E agora? Tenho que limpar o pó? Como fazer isso? Não quero...não sei como o fazer...só queria no fundo hibernar e acordar depois da poeira assentar definitivamente!
Sinto no entanto que sou capaz de enfrentar o mundo, lutar, desafiar, viver intensamente, mas de forma incoerente faz-me falta, já não consigo é concretizar do que sinto falta. Será da luta? Do desafio, da adrenalina de existir sempre qualquer problema, qualquer contrariedade, que me fizesse posicionar no formato de ajudar, de garantir uma solução, de equacionar, de activar neurónios para contornar e conseguir ultrapassar.
Será a minha vida um tal tédio que me faça querer viver a vida dos outros para sentir, será que sou insuficiente para me satisfazer a mim própria? Acho que respondo às minhas questões com as mesmas. Custa ler/ouvir-me expressar estas dúvidas, custa-me sentir que esta será a verdade, e ainda me custa mais saber que não sei o caminho para alterar isso, e que o meu destino será procurar problemas para resolver, como quem gosta de resolver quebra-cabeças!

Não existe página de resolução para estes exercícios, e os que falhamos têm efectivamente consequências, não só para mim mas para quem me rodeia também, e pior para quem eu gosto muito e por quem daria a vida e que ainda assim promovi a sua insegurança.
Não consigo perdoar-me, sinto revolta comigo mesma, e queria apenas conseguir não sentir nada, conseguir viver sem viver apenas estar, sentir indiferença viver sem furor, sem calor e ausente mas presente apenas para aquilo que precisamos fazer...mas sei que isso não é compatível com a minha forma de ser...que sinto esta vontade sempre de fazer a diferença de mudar o mundo, de fazer mostrar que tudo é possível...porquê? para quê? Não consigo sequer entender-me...e com isto tudo bati no poço, aquele poço que já conheci e que jurei não voltar...
Mais uma vez...