o esgar é o pior,
sentir sobre si o esgar,
como se fosse apenas nada,
ou apenas uma brisa,
uma gota de água,
uma aventura,
ou simplesmente uma pequena tortura,
sentir sobre si o esgar,
como se fosse apenas nada,
ou apenas uma brisa,
uma gota de água,
uma aventura,
ou simplesmente uma pequena tortura,
se disser pequena retira-lhe a força
uma caixinha,
uma dorzinha,
uma vontadezinha,
e tudo se definha,
em pouco ou nada.
tudo se releva e deixa passar,
e continuamos a respirar.
mas aquele esgar de segundo,
aquele momento no ar,
em que se desviou o olhar,
foi fatal,
foi crucial,
foi brutal.
e assim, sem mais nada,
tudo mudou.
a casa de banho inundou
no ping ping da torneira,
e sem eira nem beira,
as esmolas espalhou.
quis que se deitasse para descansar,
mas não havia palha nem sarjeta.
era um caminho que o denunciou..
ah aquele esgar,
sem tecto nem cheta,
sem lábia e sem peta,
leva em si o mundo às costas,
porque não seria dedicado a notas.
corre corre, dizem-lhe alguns,
que talvez vás a tempo.
mas o esgar que se contrai
mostra um lamento.
não se trai,
o rosto de um homem,
que repuxa em vão,
e toca no coração
que lhe rebenta, que salta e pula de emoção.
não, não,
até o estômago vacila,
mas o danado do esgar não inventa
que nunca mais se intente.