quarta-feira, 11 de outubro de 2023

red flag

sem peso mas esmagador,
sem barulho mas ensurdecedor,
sem tacto mas totalmente palpável,
sem sabor mas indigesto,
sem ser visto mas totalmente transparente,

estão em todas as esquinas,
parapeitos e varandas,
não se dá por eles,
apesar de traquinas,
quando ensurdecedores,
encontramos desculpas
para serem indolores,
adiam-se conversas,
argumentos vários,
e todos os sinais esquecidos.

Tudo tem justificação,
tudo se adia,
para não estragar,
para manter a ilusão.
Valida-se por momentos,
e no todo não vale a pena pensar.

contorna-se ao lado,
e empodera-se no nada é perfeito
castra-se nos porquês,
e deita-se no leito.
Amanhã outro dia,
esquece e adia.
não é palpável não merece,
fica pelo lamento.
E continua o tormento.

A mentira toma lugar.
a verdade é pouco importante
e no meio da sala o elefante,
que não queremos olhar.




terça-feira, 26 de setembro de 2023

miudinha

miuda com as suas crises,
miudinha com as ciumices,
miuda com pequenices,
miudinha com traquinices.
miuda que se contraria,
raiva que se avizinha,
sem quê nem para quê,
tal birra de bebé,
sabe porquê,
mas não consegue lidar,
e fica com o coração a palpitar,
e a ânsia de dizer e refilar,
sem se conter nem espantar,
e assim sem parar,
vai ao rubro a bradar,
de tempos a tempos já não sabe a razão,
e quando a tem, já a perdeu.
Não atingem os outros o estado de tensão,
e a eloquência da situação.
Com tal intensidade,
porque ninguém entende de verdade,
Mais tarde já se arrependeu.
Deixar cair não é o seu lema,
e não consegue largar o tema.
O tempo não cura,
aumenta a agrura,
e dias de tristeza e inação,
serpenteiam com dias de total atenção,
odeio esta sensação,
mas não se evita sentir,
e quando acontece deixa de ser.



quinta-feira, 10 de agosto de 2023

de todo

de todo 
e de nada,
acresce que deixou de ser.
Assim, tão natural,
se a fresta da janela deixa passar,
sim, de quando em vez, vem uma brisa,
já não é fria,
é apenas um ar que se lhe dá.
Algo que não é indiferente,
mas que não retira paz,
que não provoca azedume,
que não mais teme,
o corpo não flecte,
e a alma não geme.
Apenas, está ali, 
semblante tranquilo.
Tal como vem também vai,
e ocorre que até se apraz de não agoniar,
nem rodopiar em corridas de culpas,
sem traços malignos,
apenas paira a validar.
Sem tragédia nem drama,
vejo-a passar,
e não viro costas, não a nego,
aceito-a, enfrento-a sem medo.
Vive em mim, a cicatriz que deixou,
a brisa que lhe assobia,
e a sente!
Mas apenas e quase sempre na mente.
Sem tento nos pensamentos,
passeia com o seu manto,
por cantos e recantos,
explora e devora pequenos anseios,
e provoca alguns devaneios,
e depois de se vangloriar,
por ter rua onde pairar.
Sai de fininho e devagarinho,
para o seu lugar.





segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

Quase perfeito!

Encontrei um homem, não um machão,
Não é gordo nem magro,
Não é esperto, é inteligente,
Não é jovem, é maduro,
Não tem pressa mas anda rápido,
Não é inquieto, é paciente,
Não é sonhador, é concretizador,
Nao arrisca, pondera,
Não é mentiroso, é transparente,
Não é lamechas, é emotivo,
Não vai à missa, mas tem fé,
Não é preguiçoso, é trabalhador,
Não é pobre, nem abastado,
Não é egoísta, é generoso,
Não é foleiro, tem sentido estético,
Não manda, lidera,
É duro, mas justo.
É o meu melhor amigo!
Gostava de me oferecer flores,
mas oferece-me o que eu gosto.
what else?