outrora achava que eras incomparável,
outrora sentia algo inexplicável,
outrora pensava em ti como inigualável,
outrora sentia algo inexplicável,
outrora pensava em ti como inigualável,
construi em mim uma imagem de ti inalcançável.
e como tudo o que não é terreno,
não é verdadeiro.
e na tua pele de cordeiro,
vivi com um lobo feroz e medonho.
senti nas entranhas a tua fúria,
revestido de promessas e emoções simuladas.
parecia que o meu corpo e mente estava possuído por uma droga forte
que me prendia e fazia suportar perder-me a mim,
desisti de lutar,
tu estavas acima de mim,
todas as tentativas me convenciam do meu fracasso
e em cada o dia me mostravas a minha fraqueza.
Destrui-me por ti,
se fosse amor isto seria uma vergonha.
o sexo intenso e despudorado,
alimentava o vicio,
e apesar de ser mais aclamado do que prazeroso,
foi também idealizado,
recordo-me da primeira vez que te despiste,
foi uma desilusão tão grande,
tentei disfarçar.
Pensei, parecia demasiado bom para ser verdade,
e apesar da tua inconsciência,
mas que verbalizavas insegurança,
fiz o meu papel,
ajudei-te a ter confiança
essa é a base, ainda que tenhamos pouco para mostrar.
Achei que teria que viver para sempre com pouco,
mas tudo o resto poderia compensar,
na verdade, foi ao contrário,
o pouco ficou melhor,
e tudo o resto veio a piorar.
O que é surpreendente é que nos convencemos de coisas,
coisas más,
que são coisas boas,
que queremos e aceitamos,
quando não queremos e não aceitamos.
Mas vivemos,
e em desconforto,
e em esforço,
vamos acreditando na mentira,
naquilo que gostaríamos de ter,
de querer,
de sentir,
chega a tal ponto a crença,
que nos confundimos, o ideal passa a ser o real,
e o real o ideal,
e vibramos com a ilusão.
Num universo paralelo,
na caverna de platão.
as sombras tomam forma
e escolhemos o ângulo certo, para temos a nossa visão.
a visão que nos fere menos
a visão que nos mantém o sonho,
e assim continuamos ali,
a definhar e a acreditar,
que as sombras são a realidade.
e não entendemos como os outros não veem.
estão todos errados!
são todos limitados!
até que um dia, a luz acende-se
encadeia-me o olhar.
e com a habituação,
todas as sombras desapareceram.
e percebemos que vivemos uma actuação!