quinta-feira, 11 de abril de 2019

carregar baterias...

Tiraram-me tudo, tudo, senti-me totalmente nua, sem proteção, sem joelheiras, sem nada, não havia barreiras para me magoarem.
Mas cá no meu íntimo pensava sempre, tudo, tudo, tudo não, tenho coisas que ninguém me pode roubar nunca....o meu sorriso, e a minha energia...

mas eis que sinto que fui assaltada pela falta de ânimo, que faço um esforço enorme para me levantar, que até pensar me custa, que ficar no meu canto parece mais acolhedor do que alguma vez aconteceu..

o sorriso vibrante deu lugar a um tédio no semblante. as pessoas que me animavam e que me faziam sentir mais forte, estão pouco interessantes, e até chatas.

Parece tudo pouco interessante, gasto, e já visto.

Nada me acrescentam.

Não me fazem rir.

Não sinto sentimentos mais fortes.

Tudo parece desiludir.

O trabalho cansa-me! mas a um nível  nunca antes registado.

Se falo dos outros, pior se olho para mim, porque escarafuncho tudo e encontro apenas aqueles problemas de sempre, vontade de prazeres imediatos, satisfação emocional escondida em doces, ou em deleites sonhadores.
A energia parece ter-se evaporado.
A palavra depressão assoma imensas vezes, mas não me identifico totalmente com o conceito, até porque infelizmente já fui brindada há muitos anos que esse horror.

Desta vez, parece-me ser maturidade, que na minha perspectiva a ser lhe chamaria maldade. Se mantermos alguma infantilidade nos traz mais energia e alegria, brindo a isso.

Se cometemos loucuras ou precipitações talvez, mas a diversão é garantida.

A vida sem diversão, sem energia, adrenalina e paixão, perde totalmente o interesse.

Neste momento a vida parece-me uma tristeza, não tem ritmo, não tem nada a acontecer, não parece fazer sentido.

Ás vezes penso que o facto de não ter alguém por quem esteja apaixonada, poderá ser o motivo deste marasmo, porém a verdade é que não não ter alguém por quem me apaixonar, é o facto de ninguém me apaixonar.
Parece que não há nada suficientemente bom para me apaixonar.
Julguei que isso nunca me iria acontecer, tinha uma facilidade incrivel de me apaixonar, conseguia ver coisas maravilhosas em todas as pessoas que conhecia. Claro que a seu tempo, tudo esmorecia, ou se incompatibilizava por uma questão de feitios, mas havia tempos de borboletas na barriga maravilhosos.

Por um lado, estou contente com este salto de certa forma qualitativo. Mas a verdade é que sinto falta de sentir.
Mesmo sendo muita ilusão inicial, vibramos, sentimos, vivemos!

Agora, fico surpreendida com a minha frieza, com a forma como sinto indiferença, e como a minha vida é gerida apenas à volta das minhas necessidades.
Sempre abdiquei tanto de mim em prol dos outros, sempre a adaptar-me e agora ainda que gira algumas coisas, a minha vontade sobrepõe-se a favores ou vontades de outrém.

Será upgrade, downgrade?
Só sei que mudei, existiu de facto uma GRANDE mudança em mim ...