quinta-feira, 10 de agosto de 2023

de todo

de todo 
e de nada,
acresce que deixou de ser.
Assim, tão natural,
se a fresta da janela deixa passar,
sim, de quando em vez, vem uma brisa,
já não é fria,
é apenas um ar que se lhe dá.
Algo que não é indiferente,
mas que não retira paz,
que não provoca azedume,
que não mais teme,
o corpo não flecte,
e a alma não geme.
Apenas, está ali, 
semblante tranquilo.
Tal como vem também vai,
e ocorre que até se apraz de não agoniar,
nem rodopiar em corridas de culpas,
sem traços malignos,
apenas paira a validar.
Sem tragédia nem drama,
vejo-a passar,
e não viro costas, não a nego,
aceito-a, enfrento-a sem medo.
Vive em mim, a cicatriz que deixou,
a brisa que lhe assobia,
e a sente!
Mas apenas e quase sempre na mente.
Sem tento nos pensamentos,
passeia com o seu manto,
por cantos e recantos,
explora e devora pequenos anseios,
e provoca alguns devaneios,
e depois de se vangloriar,
por ter rua onde pairar.
Sai de fininho e devagarinho,
para o seu lugar.