para ti,
não sou eu és tu!
estavas ali perto do piano,
o primeiro olhar,
a primeira reação,
parecias meio acelerado, ou seria nervoso, não sei dizer,
mas tinhas um ar bem disposto,
não sei bem como mas a conversa rodopiou sem apalpar terreno,
sem silêncios perturbadores,
e foi tão intensa e fluída,
que o teu convite para jantar logo a seguir,
parecia fazer todo o sentido,
mas não...a realidade não permitiu.
Ficou adiado,
mas a tua voz e o nosso riso em uníssono ficou infiltrado em mim,
parecia um reencontro feliz,
entre almas gémeas,
que se entendiam sem se conhecerem,
tudo o que dizias parecia não ser estranho,
nem precisava de adaptações ou uma espécie de tradução.
e eis que me olhavas nos olhos como a querer ler-me,
e eis que me disseste logo ali: não sei o que pensas mas eu quero algo sério, eu quero uma relação contigo,
fiquei engasgada, mas a acreditar que só podias falar a sério,
era genuíno,
mas como era possível num primeiro encontro,
numa primeira conversa,
num primeiro tudo,
fazer tanto sentido,
não te conheço, não me conheces,
mas sentimos, certo?
e eu não conseguia fugir do teu olhar inquisidor,
a pedir uma resposta,
e eu incrédula, e a sentir o palpitar de um coração demasiado tenso e com pavor do que sentia.
Foi adiada a resposta, mas tu ouviste-a, quando aceitei a conversa seguinte,
e a seguinte e o encontro seguinte,
a vontade estava latente,
e o primeiro beijo nervoso surgiu,
parecia também fazer sentido,
não evitei, não fugi...
estava nervosa, ri ri muito,
ninguém quer beijar alguém a rir que nem uma doida,
mas já me conheces, rio com o nervosismo,
e tu estavas um pouco tenso,
mas deste-me abraços, para me teres junto a ti,
para me sentires e me protegeres,
para tentares colmatar a minha rigidez,
amoleceste-me com a tua entrega,
senti que me querias,
e o beijo foi quente,
foi tímido mas intenso,
porque não eram só as nossas bocas que se uniam,
eram as almas ali também.
Voltei ao riso,
e tu libertaste-me para eu me poder aproximar mais,
é sempre assim, quando somos livres queremos sempre estar junto de quem nos liberta,
tu estavas feliz, senti-te feliz,
as conversas fluíam como se não houvesse tempo suficiente para dizermos tudo,
atropelávamo-nos por vezes com a vontade de contar tudo,
porque o tempo é relativo,
e temos tanto a dizer um ao outro,
será que chega todo o tempo do mundo?
para sempre é muito tempo, mas não para nós.
quantos milhares de palavras, ideias e milhões de coisas temos para fazer?
a ideia que o tempo demora tempo,
que sempre me assolou em momentos difíceis,
agora parece que o tempo demora pouco tempo quando conversamos.
é mesmo relativo!
quis o tempo que tivéssemos um fim-de-semana nosso,
que nos brindámos com toda a intensidade que nos caracteriza.
não nos cansámos de nós,
mas estoirámos todos os cartuxos de cansaço,
foi louco sim,
foi exploratório,
quiseste raptar-me, fizeste planos,
hesitaste nos planos,
mas puxei-te para o trilho,
contratempos surgiram,
bebidas e comida,
superámos os obstáculos e a viagem foi a parte melhor!
tivemos o posterior contacto com a realidade e eis que é dura,
mas todos os dias nos sentimos,
todos os dias nos sintonizamos e sentimos para além da voz.
A tua convicção é o meu barómetro,
acreditas e verbalizas, e não pareces duvidar,
e não cedes ao meu constante descrédito ou incapacidade de acreditar num sentir apenas,
firme e hirto, não abdicas daquilo que vislumbras para nós!
dás-me confiança!
eu sempre a balançar e tu a lutar por nós!
tu debitas palavras sem temor e eu simplesmente agradeço,
consegues sempre que o nosso sentido de humor seja mais forte e que supere a dura realidade,
sempre acreditei que rir cura todos os males,
e eis que encontrei quem corrobora comigo,
vamos continuar a rir juntos!
essa é a melhor viagem!
és lutador, és divertido,
és cativante, és sentimental,
és um bom pai, és corajoso,
és intenso, és capaz,
és nervoso (aquele nervosismo das injustiças, pseudo-irritadiço),
és crente,
és sonhador,
és trabalhador,
és ...
to be continued