segunda-feira, 19 de outubro de 2020

para ti Ri!

para ti,
não sou eu és tu!
estavas ali perto do piano,
o primeiro olhar,
a primeira reação,
parecias meio acelerado, ou seria nervoso, não sei dizer,
mas tinhas um ar bem disposto,
não sei bem como mas a conversa rodopiou sem apalpar terreno,
sem silêncios perturbadores,
e foi tão intensa e fluída,
que o teu convite para jantar logo a seguir,
parecia fazer todo o sentido,
mas não...a realidade não permitiu.
Ficou adiado,
mas a tua voz e o nosso riso em uníssono ficou infiltrado em mim,
parecia um reencontro feliz,
entre almas gémeas,
que se entendiam sem se conhecerem,
tudo o que dizias parecia não ser estranho,
nem precisava de adaptações ou uma espécie de tradução.
e eis que me olhavas nos olhos como a querer ler-me,
e eis que me disseste logo ali: não sei o que pensas mas eu quero algo sério, eu quero uma relação contigo,
fiquei engasgada, mas a acreditar que só podias falar a sério,
era genuíno,
mas como era possível num primeiro encontro,
numa primeira conversa,
num primeiro tudo,
fazer tanto sentido,
não te conheço, não me conheces,
mas sentimos, certo?
e eu não conseguia fugir do teu olhar inquisidor,
a pedir uma resposta,
e eu incrédula, e a sentir o palpitar de um coração demasiado tenso e com pavor do que sentia.
Foi adiada a resposta, mas tu ouviste-a, quando aceitei a conversa seguinte,
e a seguinte e o encontro seguinte,
a vontade estava latente,
e o primeiro beijo nervoso surgiu,
parecia também fazer sentido,
não evitei, não fugi...
estava nervosa, ri ri muito,
ninguém quer beijar alguém a rir que nem uma doida,
mas já me conheces, rio com o nervosismo,
e tu estavas um pouco tenso,
mas deste-me abraços, para me teres junto a ti,
para me sentires e me protegeres,
para tentares colmatar a minha rigidez,
amoleceste-me com a tua entrega,
senti que me querias,
e o beijo foi quente,
foi tímido mas intenso,
porque não eram só as nossas bocas que se uniam,
eram as almas ali também.
Voltei ao riso,
e tu libertaste-me para eu me poder aproximar mais,
é sempre assim, quando somos livres queremos sempre estar junto de quem nos liberta,
tu estavas feliz, senti-te feliz,
as conversas fluíam como se não houvesse tempo suficiente para dizermos tudo,
atropelávamo-nos por vezes com a vontade de contar tudo,
porque o tempo é relativo,
e temos tanto a dizer um ao outro,
será que chega todo o tempo do mundo?
para sempre é muito tempo, mas não para nós.
quantos milhares de palavras, ideias e milhões de coisas temos para fazer?
a ideia que o tempo demora tempo,
que sempre me assolou em momentos difíceis,
agora parece que o tempo demora pouco tempo quando conversamos.
é mesmo relativo!
quis o tempo que tivéssemos um fim-de-semana nosso,
que nos brindámos com toda a intensidade que nos caracteriza.
não nos cansámos de nós,
mas estoirámos todos os cartuxos de cansaço,
foi louco sim,
foi exploratório,
quiseste raptar-me, fizeste planos,
hesitaste nos planos,
mas puxei-te para o trilho,
contratempos surgiram,
bebidas e comida,
superámos os obstáculos e a viagem foi a parte melhor!
tivemos o posterior contacto com a realidade e eis que é dura,
mas todos os dias nos sentimos,
todos os dias nos sintonizamos e sentimos para além da voz.
A tua convicção é o meu barómetro,
acreditas e verbalizas, e não pareces duvidar,
e não cedes ao meu constante descrédito ou incapacidade de acreditar num sentir apenas,
firme e hirto, não abdicas daquilo que vislumbras para nós!
dás-me confiança! 
eu sempre a balançar e tu a lutar por nós!
tu debitas palavras sem temor e eu simplesmente agradeço,
consegues sempre que o nosso sentido de humor seja mais forte e que supere a dura realidade,
sempre acreditei que rir cura todos os males,
e eis que encontrei quem corrobora comigo,
vamos continuar a rir juntos!
essa é a melhor viagem!
és lutador, és divertido,
és cativante, és sentimental,
és um bom pai, és corajoso,
és intenso, és capaz,
és nervoso (aquele nervosismo das injustiças, pseudo-irritadiço),
és crente,
és sonhador,
és trabalhador,
és ...
to be continued








domingo, 18 de outubro de 2020

Atenção! Atenção dupla!

atenção é a palavra de ordem!
não é atenção vs cuidado com as obras aí ao fundo!
termos atenção de alguém that's the point,
o sentimento de que alguém está focado em nós,
que somos especiais para alguém,
que prendemos a atenção de alguém,
que quer estar por perto,
que gosta de nós.

Tantos egos aqui!
precisamos sempre de sentir reconhecimento,
atitudes de dedicação,
porquê?
psicologia barata diz-nos que provavelmente tivemos lacunas de atenção na infância,
somos tão inteligentes que até assumimos isso,
poderia ter sido melhor distribuida pelos irmãos,
ou porventura carecemos todos disso,
a culpa é dos pais!
uau, já arranjamos um culpado para a cena, aliás 2, ainda melhor!!!

mas a verdade é que como se ouve o cliché, reconhecer um problema é o primeiro passo para a cura...
fuck! a parte de verdade nisto é aniquilada pela parte errada disto,
sabemos do problema ainda ficamos mais irritados, porque afinal não sou perfeita!
e depois, ok, não sou perfeita, e agora o que é que faço?
espera, posso deprimir-me aqui a achar que nunca mais sou ninguém de jeito,
o que poderá ser um cenário real, e que ainda me deprime mais.
Depois pondero pesquisar a sério, sobre o tema,
wait a moment, existe muita gente com este problema,
fico mais deprimida, pessoal com vidas tramadas, com aspecto ainda pior, e com histórias que só me apetece cortar os pulsos.
depois penso, alguém conseguiu encontrar uma solução?
após anos de terapia, e de muitos livros de auto-ajuda,
apercebo-me de pessoas que foram por caminhos estranhos, espirituais, coachings, yogas, cenas de constelações, álcool, drogas e sei lá mais o quê. Resultado uma cambada de gente iludida com felicidades sem eco e conteúdo....
questiono-me, mas tens que fazer qualquer coisa, não?
vais ser assim defeituosa para sempre, ainda por cima tu é que sofres com isso,
fazes aquele papel de needed, ou de naif, ou de parva porque achas que te entusiasmas que nem uma louca quando aparece alguém que te trata como se fosses única, e tão especial que acreditas que aquela pessoa até agora não viveu como deve ser. 
A partir de agora que te conheceu é que vai ser a vida AM e DM (antes e depois de Margarida), tão coolll!
Vibras que nem um vibrador com pilhas novas, só te apetece ser rebelde, a adrenalina é completamente viciante, e não queres que termine nuncaaaaaa. 
Apercebeste-te entretanto que basicamente vibras com a ilusão que estás a criar de um monstro como tu que ambiciona viver na ponta da navalha com a sofregão da intensidade que proporciona esta ilusão, que tudo é possível que alimento o meu alter ego pelo qual me estou a apaixonar loucamente.
Se me retirar a mim da equação, o outro é apenas uma figura que tem que existir para fazer fit com o que desejo ter. 
Entusiasmo-me tanto que não quero que aquilo acabe nunca,  não dormimos, fico out de tudo, porque quero usufruir ao máximo, acho que no meu íntimo desconfio que a realidade está longe de mim.
Entretanto não quero saber, sou rebelde e tal.
E vou consumir tudo até à exaustão.
Depois vem o choque da realidade.

Helllo vidaaa!! 
Há cenas para fazer, nomeadamente, filhos, compromissos, trabalho, a nossa vida suspensa.
Estava mesmo ali à nossa espera naquela esquina, com um sorriso jocoso a aguardar o nosso despertar.
E eis que ele acontece.
Às tantas em catadupa, @home na rotina da vida, pergunto-me, WTF que foi isto?
espera qual a parte real e qual a parte de ilusão.
a minha mente está-me a enganar ou eu vivo fora de mim?
sou dupla de mim,
sou tão intensa, que me preciso de duplicar,
e depois canso-me de mim,
e quero apenas desligar a corrente!
passaram cerca de 5 segundos, e eis que surge o tédio,
o meu arqui-inimigo numero 1, odeio-o,
dá-me tédio,
que coisa horrível para se oferecer a alguém,
dá-se tédio, ninguém aceita esse presente, não?
mas oiço dizer que faz bem ter tédio,
existem até epifanias acerca do tédio,
o ócio também já ouvi falar, outro monstro que me faz urticária,
Por vezes questiono-me porque os odeio,
porque me causam tanto desconforto,
será que os tenho em mim, e isso é que me deixa constrangida?
tudo aquilo que me provoca tanta irritação será por também coexistir em mim?
Continuo com esta dificuldade em não questionar tudo.
Porquê, porquê?
Vou voltar à infância, deve ser porque fiquei insatisfeita com a ausência de resposta a tantas questão na idade dos porquês.
Estou a concluir que me deveria pagar a mim própria as consultas de psicólogo, faço "all the job".
Cruzes, não se aguenta!
Sim, está cá tudo, até a solução!
Mas...
existe sempre um mas...
Continuo na mesma, preciso de atenção, é um facto.
Esmoreço sem atenção, como uma planta sem água.
E ninguém normal me consegue dar um nível satisfatório de atenção, e muitas outras exigências que tenho para a minha satisfação, de forma consistente, regular e para sempre!
Logo, the conclusion is, a minha vida será sempre um carrossel de emoções!
Também poderia perguntar, e tu? Dás essa full atention?
E a verdade é que dou, quando estou, estou! Quando quero, quero!
Quando sinto, sinto!
O meu problema é sempre o retorno, a forma em que volta,
a capacidade em que se reveste,
a intensidade que demonstra,
a veracidade, maturidade, e eternidade!! Menos que isso é pouco!
Se me canso também? Sim canso, e se por vezes sinto que é "2much" sim sinto,
e que um intervalo era provavelmente bom,
mas não admito, não assumo e não permito!
Tenho que ser capaz de aguentar com tudo, só assim sei que existe um futuro viável.
Depois de ler isto tudo, fico mesmo com a ideia que acredito em contos de fadas.
E eis-me a travar o entusiasmo, porque já sei que o entusiasmo é diferente de gostar,
e gostar é diferente de paixão, e longe ainda do amor!
A luta continua, e pergunto-me se deva entrar no carrossel?
Mas quando pergunto, normalmente é tarde demais, porque adoro festa, adoro diversão, adoro rir, adoro viver, e a diversão da vida perde a piada se não alinharmos. 
Alguém já viu um carrossel com travões! Não teria piada nenhuma!
Atenção! Atenção!
A próxima viagem está a decorrer, e eu já paguei o bilhete!
Paguei para ver, para viver, para usufruir, eventualmente posso cair, mas a vantagem da experiência é que já não será a 1ª vez, a queda dói mas não o suficiente para não nos levantarmos, e tentar novamente montar aquele cavalo destemido e imóvel!
Gosto especialmente de escolher os assentos duplos em que podemos usufruir em conjunto! 
Há coisa melhor do que partilhar uma viagem em conjunto com alegria e cumplicidade? Vens?