segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

nasceu torto

sim, não há remédios que curem o que nasce torto,
hoje estou em modo de sofrimento,
em que o coração chora,
o ego demora,
tudo chora menos os olhos,
o veneno da dor, custa a sair,
fui mordida por uma cobra venenosa.
o antídoto parece demorar,
ou tem que fazer efeito,
a impaciência fá-lo-á abortar!
mais não digo, que me faz implorar.
nem sei que dor é esta, pois não quero voltar,
mas a angústia de sentir,
a mágoa de me iludir,
faz-me vergastar o coração dentro do peito. 
rei morto,
sem grande lamento.
vergasto-me a mim, sem piedade,
e sou eu a vilã da minha caridade.
aceito que as palavras de outrem tomem o meu castelo,
e aceito-as como verdadeiras, sem questionar...
porquê acreditar?
em quem eu encontrei tanta inconsistência,
tanta mediocridade,
e tanta incapacidade de se entender a si,
como confiar em quem tece palavras vãs?
e sou eu que me condeno?
que triste que sou, que a validação de outros importa mais,
que me imponho tanta exigência,
e retiro do meu ser tudo o que tenho de bom,
para olhar para tudo o que tenho de mau,
oh triste sina minha,
que não aprendo com a experiência,
a loucura insana,
de crer nela como mundana,
levantar é o que se avizinha...
até lá o remoinho que me assola,
tal furacão que leva tudo à frente,
e deixa ficar os resquícios de um presente envenenado,
que se tornou pesadelo!






terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

coisas que precisamos de dizer

tem dias que preferia não ter passado,
um passado que me marcou e que me deixa sempre sem medir muito os sentimentos,
de repente sinto que não quero aquilo porque revivo sensações,
que foram provocadas num determinado contexto e enquadramento,
afligem-me, provocam-me urticária,
e começo logo em defesa,
como se me estivessem a atacar novamente, quero fugir daquilo que me faz mal.
porque surgem os semáforos intermitentes a alertarem-me,
e eu penso sempre, agora estou atenta, não posso ignorar os sinais,
eu já vivi isso, não vou repetir novamente a experiência para comprovar que estava certa.
E eis-me a vislumbrar discursos, e argumentos tortuosos na minha própria cabeça,
comigo própria a ser o alvo...
portanto hoje, já fiz tantos diálogos internos de descontentamento, de desconforto,
que até já os classifiquei,
o 1º como a desconcertante surpresa,
o 2º como a perceção e reconhecimento de terreno antigo,
o 3º com o repúdio e revolta,
o 4º com a luta e combate contra isso,
o 5º com a perceção que não é uma guerra, já não vivo guerras, e não as posso travar,
que é no amor que devemos insistir e não em guerras,
mas cá dentro vive-se uma luta,
entre a defesa de mim, e a procura de um nós seguro,
estamos em fases diferentes e neste capitulo parece-me nítido,
parece que ainda estás preso a um cordão umbilical de conforto com o passado,
e eu fujo de cordões umbilicais,
eu liberto-me de todas as amarras que me façam sentir presa,
e tu continuas preso a rotinas que te equilibram,
e ninguém está errado,
apenas são fases diferentes,
já lá estive,
e tu estás lá,
vivo um dilema, 
porque não quero castrar-te no teu conforto e equilíbrio,
mas provoca-me a mim desconforto,
temos que crescer juntos,
e temos dores de crescimento,
terei eu alguns temas que preciso da tua ajuda neste processo,
falo demais,
não dou espaço,
e por vezes acho que ambos nos esquecemos que somos 2 numa relação.