quarta-feira, 13 de outubro de 2021

prometido é de vidro

o prometido não é devido,
o prometido é de vidro,
encanto sem sentido
palavras vãs,
segredadas no divã,
cabeças na almofada,
cumplicidade efémera,
noites não dormidas.
promessas eternas,
pessoas modernas.

manhãs de alvorada,
frescas e sãs,
quem és tu? quem sou eu?
até já, ou até depois.
banho da vergonha,
memória apagada,
quem nunca?
que atire a primeira pedra.
no meio da latência,
o choque da realidade,
surge a imagem da cegonha.
rezas,
e promessas,
nunca mais esta ocorrência.

tudo apagado,
tudo lavado,
tudo desaparece,
em nada enobrece.

prometeram-me
juraram-me
choraram-me
cantaram-me

e de repente sem mais,
nem menos,
tudo morreu,
tudo esqueceu,
tudo se desvaneceu.



e enganaram-me
joelharam
prometeu,
e desprometeu,
sem remorso,
sem tensão,
sem expressão,
era assim,
uma ilusão,
com abnegação,
e sem noção.
era assim,
uma idealização,
sem precedentes,
nem antecedentes.